segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

No centro de BH


O que tem mais força, a matéria viva ou a matéria bruta? E é questão de força? De resistência? De quê?

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Escavando tesouros

Um breve comentário - em torno de dois exemplos - sobre a tendência humana a precisar da ajuda alheia para valorizar as próprias coisas.

Tem-me ocorrido seguidamente: desde que mudei para outra cidade, as pessoas de lá me fazem a invariável pergunta: ‘Vieste por que, se não tens família e nem conhecidos aqui?’. E a minha resposta é sempre a mesma: ‘Por amor. Conheci Laguna e caí de amores. Não só pelas praias, paisagens, mas mais ainda pelo contexto histórico, pela memória de Anita, pela nostalgia, pela magia desse ar, desse clima, por tudo!’. E ninguém disfarça, em maior ou menor grau, uma reação de surpresa.

É como se não se dessem conta, sozinhos, de que sua cidade justifica a atitude. E isso que não sou ingênua de pensar que se trata dum lugar perfeito, o paraíso, a Pasárgada. De qualquer forma, arrisco um palpite: talvez porque o cotidiano lhes oferece aquele cenário todo de uma forma automática, natural, gratuita, em geral não se dão conta da riqueza que têm, em vários sentidos. E eu não afrouxo no tom de voz, mantenho firme e claro um amor pela minha cidade adotiva, sem renegar, contudo, o que tenho pela minha terra natal e pelos amigos que nela vivem.

Num outro exemplo, é como se andasse alguém pelo meu jardim e fizesse uma festa quando visse uma flor, ou uma fruta, ou uma árvore, ou mesmo uma pedra, algo especial cujo valor até então passasse despercebido por mim. E que, só a partir dessa intervenção alheia, certamente se transformaria no tesouro do meu jardim.


[Na imagem, um exemplo possível da nostalgia de que falo, logo ali, no entardecer lagunense.]