https://issuu.com/ocorreio/docs/ed_1383
Conheci uma parede tatuada de tempo
que na mesma hora sequestrou meu olhar
em ca sa men to
eu ali, me
desconstruída
i n t e i r a
ao pé de si
com a câmera na mão
sem cuidar os carros
sem dizer um não
não só pra luminescência
das palavras pintadas
e há muito
rasgadas de vento
– doces velas cristais –
e outras
mas pro arranjo que elas fazem
com a exclusivíssima paleta
de mofos
em seis ou sete tons
ricamente desiguais
sobre tijolos de barro com mato
e samambaias lhes brotando
de por dentro
bordado fino
de poeira
e letras
velhas
já um pouco
cínicas
e risonhas
de muito
dormirem no
sereno
e nisso eu tateio no bolso
dentre trevos e recibos
uma leve incerteza florescida:
(enxergasse o Manoel de Barros
a sequência de três minutos e tal
que dura de ponta a ponta
esse nosso casamento
quiçá essa pintura renderia
alocada em seu caderninho de ocasião
e sem moeda com que se lhe pagasse
a peso de nuvem alta
uma over
dose bruta de
matéria de poesia)
quinta-feira, 1 de setembro de 2016
MATÉRIA DE POESIA
Postado por Suyan de Melo às 07:07 1 comentários
Marcadores: Arte visual, Coisa-Poema, Imagens, Jornal O Correio, Laguna, Literatura, Manoel de Barros, Poesia, Ruínas, tempo
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