quinta-feira, 14 de março de 2019

Entrevista: TEREZA DA SILVA


[Publicada originalmente aqui no Jornal O Correio, pg. 5]


Tubaronense nascida em 8 de agosto de 1935, dona Tereza, a Teca, já morou em Criciúma, em Araranguá, em Laguna “por mais de cinquenta anos no mesmo chão” (na Cabeçuda), e até no Japão. Hoje reside com sua filha Theta, no entorno da praça Vidal Ramos. Órfã de mãe aos quatro anos e de pai aos nove, num total de dez irmãos. Seus irmãos mais velhos se revezavam em cuidar dela, que, confessa, era muito levada, dava trabalho. De todos eles, hoje resta seu irmão Maurício, em Criciúma. Explica que por conta disso tudo, começou a trabalhar muito cedo.

Viúva do seu Abrão há 22 anos, Teca é mãe da Theta Elisete, da Eliana ("Nani"), da Sunanita ("Mita") e da Maria Betânia ("Bê"). É avó da Talita, da Farana, do Taffarel, da Letícia, da Daiane, da Ivy, do Irwin, do Thomas, do Murilo e da Fernanda. E ainda, é bisavó do Guilherme, da Isabelle, de dois Davi(s), da Layla, do Lyon, da Ana Clara e do Zac. Ufa! 

Na medida em que vai lembrando várias histórias, desconfio que encheriam um baita livro, ainda mais com sua memória admirável aos oitenta e três anos. Isso sem falar da disposição física: na minha frente ela faz um alongamento, pernas esticadas, ela encosta as mãos nos pés sem nem fazer careta, que me obrigo a filmar.


Quando peço que me conte lembranças marcantes, são várias: escolho só uma ou outra pra ilustrar este texto (tenho certeza que são apenas a pontinha da ponta do iceberg). 

Eu toda boba pensando que quando crescer quero ser assim disposta também :)
A Teca que conversa comigo é hilária, esperançosa, feliz. Diz que em Criciúma, onde também trabalhou em empresa de mineração, por doze anos foi costureira numa fábrica de gravatas, de proprietários italianos. E que aproveitava pra fazer uma lavoura no pátio. E que os patrões, com sotaque super carregado, às vezes pediam que ela cozinhasse comida brasileira… 

Até que num desses dias, quando foi ver os ingredientes que tinham trazido, era uma baita cabeça de porco! Horrorizada, meteu-a no forno do jeito que estava, e diz que os patrões comeram de se lambuzar... 

Saltando pras memórias da vida no Japão, lá ela se ocupava de arubaito (trabalho temporário), que no seu caso era buscar roupas pra fazer em casa. Gostava da convivência com os japoneses, que recebiam muito bem os brasileiros. 

De lá, uma vez voltou ao Brasil trazendo uma “encomenda” muito especial: seu netinho Irwing, que nascera desenganado, com dois ou três meses de expectativa de vida. Pois ela trocou a opinião médica pelo seu amor, intuindo a missão de cuidar dele: e foi o que fez nos vinte e quatro anos em que ele viveu, iluminando seus dias. Emocionada, ela ainda hoje agradece à vida pela missão, que deu seu melhor pra honrar. 

Da vida boa e saudável que tem em Laguna, destaca algumas atividades, incluindo as do SESC (ginástica, memória e outras), concursos, e que gosta muito de assistir pela tevê ao pastor Alejandro Bullón. E destaca também uma grande saudade: das visitas missionárias da Igreja Adventista que fazia com sua amiga Zenilda, quando morava na Cabeçuda. 

Nisso a Theta entra na sala, e lhe pergunta se já tinha me contado a história do Boeing 747. “Essa ainda não”, eu respondo. Diz que numa das vezes em que voltava do Japão, a Teca pediu água pras comissárias, mas, em vez disso, talvez não entendendo direito o pedido, lhe deram cerveja. Aceitou por estar com muita sede. Aí precisou ir ao banheiro, e na volta, um pouco tonta da bebida, custou a encontrar seu lugar, entre tantas fileiras de poltronas iguais naquele avião enorme. A sorte foi ter reconhecido uma vizinha de assento.

A Teca e a Theta, cada uma mais orgulhosa pela outra

Essa Teca… “Lembra de mais alguma que quer me contar?”, pergunto, já me despedindo. “Quando os italianos quiseram me promover a gerente, chegaram dizendo que era pra eu ‘patá’ as colegas… ‘MATAR?, perguntei, assustadíssima’. Não, era só ‘mandar’!". 

Esses italianos... Mas, que mulher phoda a dona Tereza, até essa ela tirou de letra.



segunda-feira, 4 de março de 2019

A IMPORTÂNCIA DA LIBRAS [LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS] PARA SURD@S IMPLANTAD@S


Pela importância deste estudo, e por conhecer e acompanhar de perto um pouco do trabalho da incansável profissional, estudiosa e ativista da comunidade surda Crisiane Bez Batti, me sinto muito  honrada em publicar nesta página seu artigo que segue, tão atual, atemporal e esclarecedor, escrito por quem entende muito bem suas palavras-chave (surdez, LIBRAS, implante coclear) na teoria e na prática.