domingo, 22 de junho de 2008

Leito vazio


[de uma poeta conterrânea, Troiana]








Eis o que sou:
Poeta sem poesia
Essa, sem versos
Que rumo inverso
Que me sobrou

Olha o que sou:
Músico sem música
Essa sem nota
O que me denota
Culpa de quem me criou

Bem, o que sou?
Escritor sem página
Essa, sem tinta
Mesmo que sinta
Já se cansou

Não sou aquela folha em branco
Sou o vazio do rio de teu pranto
Sou de tua liberdade, a prisão
Porque és aquela canção
Que cantar não posso
O poema e o remorso
Que não o declamarão
A eterna escravidão
Dos meus amores
És dos sabores
Que nunca terei

Porque sou os passos que nos aproximam
E és a distância da rotina
Que nos separa

Sentou-se no leito vazio
E fez correr esse rio
Pro mar da sua infelicidade
Sucumbindo a verdade
Nasce, como o verde,
Entre as pedras
A saudade, entre as trevas,
Do meu peito

Brota... daninha
E morre sozinha
No jardim secreto de meu coração

2 comentários:

trOiAnA22 disse...

Amei a imagem ^^

Abraços, obrigada pelo carinho.

miCA

Elaine Natal disse...

Meu bem maior, meu amor.
Tuas palavras são culpadas por sensações INDIZÍVEIS... Qt mais leio, qt mais... Mais quero, tudo e sempre.
Amooooo