terça-feira, 30 de setembro de 2008

enquanto caía a luz nos Molhes

eu estava sem máquina

prum registro ad eternum


eu andava obrigada

a gravar na memória

[apenas na memória]

aquelas relações de fauna

que aconteciam tão bem


os botos-auxiliares-de-pesca

não sabiam o que é cansar

e homens-pescadores

tinham água na cintura

e redes em punho

e à espera de cardumes

também um passaredo

passarava sem fim


aquele menino se perdia

corria sem ter pra onde

nem sabia o que olhar

era cena muito vivaz

uma trama festiva demais

pros olhos de alguém

qu’inda nem falava


e mesmo eu

com retinas já crescidas

onde nem cabia tudo

tanta água tanta luz

e energia e gente

e boto e gaivota

e garça e peixe

numa cadeia alimentar

que funcionava em paz


mesmo eu me espantava

e me esmerava e bem tentava

fazia um tudo pela retenção máxima

daquele entardecer particular

segredando comigo

o melhor de tudo


[: lá estar

sem máquina]

Um comentário:

trOiAnA22 disse...

Que lindo!!

Nem sei pra que lhe desejo inspiração, se já a tens de todo, ou ela a tem por inteiro.

Graça sempre, nossa graça

bjos poeta

miCA