eu estava sem máquina
prum registro ad eternum
eu andava obrigada
a gravar na memória
[apenas na memória]
aquelas relações de fauna
que aconteciam tão bem
os botos-auxiliares-de-pesca
não sabiam o que é cansar
e homens-pescadores
tinham água na cintura
e redes em punho
e à espera de cardumes
também um passaredo
passarava sem fim
aquele menino se perdia
corria sem ter pra onde
nem sabia o que olhar
era cena muito vivaz
uma trama festiva demais
pros olhos de alguém
qu’inda nem falava
e mesmo eu
com retinas já crescidas
onde nem cabia tudo
tanta água tanta luz
e energia e gente
e boto e gaivota
e garça e peixe
numa cadeia alimentar
que funcionava em paz
mesmo eu me espantava
e me esmerava e bem tentava
fazia um tudo pela retenção máxima
daquele entardecer particular
segredando comigo
o melhor de tudo
[: lá estar
sem máquina]
Um comentário:
Que lindo!!
Nem sei pra que lhe desejo inspiração, se já a tens de todo, ou ela a tem por inteiro.
Graça sempre, nossa graça
bjos poeta
miCA
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