quarta-feira, 17 de setembro de 2008

na areia da ampulheta

não se percebe
há pressa demais
é tempo de máquinas
vazios mascarados
infartos fulminantes
primaveras sem efeito
superações modernidades
das quais de verdade
nem se gosta tanto

não se percebe
há pressa demais
mas é peculiar a quem se pense
intuitiva feito respiração
a ampulheta de tempo-em-potência
que deixa ler o intraduzível
nos olhos dos amores
a ampulheta onde cabe a compreensão
da água
e das demais seivas da vida
e da importância de viver avivando jardins
a ampulheta que permite
na relação com o mundo
um corpo-a-corpo
uma alma-a-alma
um fôlego-a-fôlego
um espasmo-a-espasmo
uma vida-a-vida
um tudo-a-tudo
no processo de ser pessoa
para que ninguém aconteça em vão
e seja o melhor em si
às vezes sem dor
e até em silêncio

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