sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

mãos vazias










um sol se indo
eu te ofereço
ou uma nuvem
ou desenho abstrato
– sempre gostei de abstrato –
ou sementes variadas
ou água fresca
servida nas mãos
ou só as mãos
carregando nada

tu, que tens olhos bons
já viste a lindeza
de mãos vazias
compondo tela
de pintura muda?

tu, que és tanta luz
– e eu sempre soube –
e tens palavras
que antes de dizeres
eu não sei que tens
e só as descubro
em cada agora
em que me chegam
– cada vez é um agora –
e me espanto

tu conheces, afinal
o gosto, a hipnose
de mãos em repouso
oferecendo o nada
em calmo e silencioso
estado de graça?

pois fica com o nada
que tenho agora nas mãos
ele já é teu
sê gentil como sempre
e cuida bem desse nada
que me é tão precioso

e o que não tenho nas mãos
reflete o rosa e o laranja
e os outros tons furta-cor
desse sol que quase todo dia
se deita na minha lagoa



Lagoa de Santo Antônio dos Anjos de Laguna

2 comentários:

Unknown disse...

ainda que eu morra na saudade, sempre na sua literatura sinto eterna a mania de te amar!

parabens por existir pra mim mesmo surreal....

trOiAnA22 disse...

Alguém chegou antes de mim desta vez.

Já fui aí ou vieste aqui, não sei, talvez um dia ou três que se tornaram horas sentadas a sombra de uma daquelas árvores que nos presenteiam com riqueza sua, folhas verdejantes descoloridas pelo tempo... este mesmo tempo que nos levou àquele lugar, sentar àquela sombra e soprar, som ao som, fizemos uma melodia que soou... bis bis bis

Abraçso poeta

miCA