terça-feira, 14 de agosto de 2018

MEMBROS DO INSTITUTO CULTURAL CHACHÁ: SÉRIE ENTREVISTA




FÁTIMA BARRETO




Natural de Laguna, Fátima já residiu em Imbituba, onde sua mãe lecionava; em Lauro Müller, em razão de seu trabalho; e em Florianópolis, desde a graduação em Educação Física, pela UDESC, tendo ainda lecionado na capital e trabalhado no departamento de educação física da Secretaria de Educação, quando esta realizava os Jogos Abertos. 

Uma reflexão sobre a Laguna de hoje? “Ela tem a missão de se reerguer, como o país, nesse momento dramático. Acredito na juventude. Laguna precisa retomar seu caminho, em especial na cultura, que é historicamente seu expoente maior. O polo da UDESC aqui é um baita diferencial, que já mudou o destino dos jovens que não precisam sair da cidade pra estudar. Idem sobre o que o SESC oferece para Laguna. E penso que vale a pena as escolas fundamentais e secundárias darem um gás a mais em se tratando de cultura e literatura. Laguna já viu Bibi e Procópio Ferreira encenando O Avarento, de Molière, no Cine Teatro Mussi. Atrações desse nível não podem ser apenas lembranças distantes. Sinto que muitos lagunenses, talvez acostumados com o que a cidade naturalmente oferece, acabam não percebendo sua magnitude. Mas gente de outros lugares se apaixona por ela, vem morar aqui, e não raro são os que mais a valorizam e fazem a diferença. Conheci uma família esses dias, vinda de fora, morando agora num bairro da área rural de Laguna: um capricho com o que plantam, com tudo. E o menino já leu mais de uma centena de livros. Isso me renova a esperança no presente e no futuro.” 

Qual sua arte? “Literatura e fotografia. Comecei como cronista no jornal A Gazeta, em Floripa, durante a faculdade. Das minhas maiores influências destaco Adélia Prado, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, e a poesia em geral. Também já me interessei muito pelos autores catarinenses. Por longo tempo publiquei em jornais lagunenses. E na fotografia, quando professora, em Lauro Müller, com meu primeiro salário comprei uma máquina numa lojinha da rodoviária, e saí fotografando tudo. Quando nasceu minha filha, comprei uma máquina potente, que depois ficou um tempo de lado, até eu ir morar no Mar Grosso. A natureza local me inspira muito. Algumas fotos minhas viraram capas de livros.” 

Participa de outros grupos? “Sim, do Carrossel das Letras, que eu quis muito integrar. A foto da capa do nosso primeiro livro, Encontros, é minha. Há quatro anos moro em Floripa, e lá também integro a Confraria do Pessoas, que relembra as pontes entre Brasil e Portugal. 

Conheceu o Chachá? “Sim. E escolhi a arte dele pra abordar em meu trabalho final do curso de História da Arte, na Unisul, em Tubarão. A professora Valdézia gostou muito, e ele acabou exposto na biblioteca da instituição. E a partir disso, por e-mail, também acabei fortalecendo minha amizade com a Jaqueline Bulos, filha do Chachá, que na época já morava na Suíça.” 

Que mensagem gostarias de deixar às gerações futuras dessa nossa cidade tão peculiar? “Existe uma tendência de se evitar política/políticos. Mas, ainda mais numa cidade pequena, é importante um maior engajamento nessa área. Acho a população tão alheia nisso. Não me sinto tão habilitada a mandar um recado lá pra longe no tempo, mas creio que cultura e desenvolvimento econômico andam juntos. Dia desses, fui assistir à Camerata Frankenstein e tive a alegria de ver de novo o que é arte e beleza, porque é isso que tem que acontecer. Cultura e educação precisam estar atentas a isso. Então, para os que vêm, em resumo diria: buscai os livros.”

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