domingo, 12 de agosto de 2018

MEMBROS DO INSTITUTO CULTURAL CHACHÁ: SÉRIE ENTREVISTA


(publicado inicialmente em https://issuu.com/ocorreio/docs/ed_1453)


LAURA BURIGO



Natural de Lages, de onde saiu aos 23 anos, morando também em Canoinhas, Três Barras, Curitiba, Imbituba e Florianópolis, veio para Laguna em 2007, como 1ª colocada em concurso público para lecionar artes em escola municipal. Na época fixou-se no Sertão da Estiva, hoje Pescaria Brava, pelo verde do entorno e porque lá podia cumprir seu expediente semanal em local único. 

Sua formação? “Estudei em colégio de freiras e depois em escola pública estadual, em Lages; me licenciei em artes visuais pela UDESC, em Florianópolis; lecionei artes. Agora estou aposentada e não paro de fazer “arte”… Artes visuais contemporâneas. 

Que reflexão gostaria de compartilhar sobre a Laguna de hoje? “Como 3ª cidade fundada no estado, posso, em termos históricos, dizer que nasci nela (num lugar que já pertenceu a ela), o que para mim é uma honra. No entanto, a Laguna de hoje é praticamente uma sombra do que já foi, em progresso, prosperidade e preservação da natureza. Ainda gosto dela, conheço-a desde 1966, já não sei quantas vezes voltei. Sim, bebi a água da Carioca”. 

Que arte produz? “Produzo o que há anos chamamos de arte contemporânea. Embora use também materiais clássicos, faço muito uso de material descartado, às vezes encontrado nas ruas. Penso que produzo arte desde muito jovem, não sei exatamente quando e como começou. Só tomei consciência de que o que fazia era realmente arte já na faculdade, lá pelos 50 anos. Demorei a aceitar. Hoje me sinto bem como artista visual”. 

Gostaria de destacar alguma experiência sobre grupos ou coletivos de arte e afins? “Integro o Instituto Chachá desde a fundação. Participei ativamente de oficinas de arte e artesanato em Curitiba. Em Imbituba, além da escola, desenvolvi muitos trabalhos incluindo música, teatro e artesanato, em projeto da FUCABEM. E lá, quando presidente do grupo de artesãos, organizei nossa ida à Festa do Senhor Bom Jesus dos Passos, em Imaruí. No dia não levei minhas peças (cerâmicas grandes e pesadas), pois fomos de ônibus fretado. Eu não sabia que no dia da tal festa não saía ônibus nenhum de Imaruí. Resultado: sem ter levado nada para expor, tive de ficar o dia todo lá, com minha família me esperando em casa e sem poder avisá-los. Já participei de inúmeras oficinas de arte, e destaco a que aqui foi ministrada por italianos de Ravena (‘cidade-irmã’ de Laguna) especialistas em mosaico bizantino, onde aprendi inclusive sobre o histórico desse trabalho tão famoso por suas peculiaridades”. 

Conheceu o Chachá? “Não, mas atualmente tenho amigos que o conheceram. Meu genro tem uma coleção significativa de obras dele, até doou uma tela grande recentemente ao nosso instituto. Minha filha trabalhou com ele na prefeitura. Muitos o referem como uma pessoa bem-humorada, que pintava sem parar e ainda escrevia manualmente para um jornal. Existem histórias e estórias sobre ele, que assim vai se tornando lenda”. 

Sobre memória e compartilhamento da cultura local e do fazer artístico e cultural, que mensagem gostarias de deixar para as gerações futuras que habitarão essa cidade tão peculiar que é Laguna? “Sabemos que hoje a cultura infelizmente não interessa muito ao poder público. No entanto, acredito que há muitas pessoas interessadas por música, teatro, artes visuais e outros segmentos culturais importantes, e que podem, sim, despertar nos jovens o entusiasmo por essa cidade peculiar”.

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